Breve será proibido o uso de petróleo!

Brasil

Troféus de plástico para os vencedores do GP Brasil em F1

Os vencedores do Grande Prémio Brasil de Fórmula 1 recebem hoje troféus de plástico reciclado a partir do lixo deixado no autódromo de São Paulo pelos milhares de fãs do automobilismo.

A ideia de oferecer troféus ecologicamente correctos repete o êxito da corrida de 2008, quando os pilotos mais rápidos do Grande Prémio Brasil levaram para casa troféus fabricados com etanol de cana-de-açúcar, material totalmente renovável.

A responsável pela produção dos troféus do chamado plástico verde, a Brasken, é uma das três maiores empresas privadas do Brasil e a maior produtora de resinas plásticas da América Latina.

O markentig verde da Brasken tem sido cada vez mais utilizado recentemente pelas empresas brasileiras, com o aumento do protagonismo internacional do Brasil, nos últimos anos.

O objectivo dessas empresas, principalmente algumas ligadas a sectores identificados com a degradação ambiental, como produção de carne e de etanol, é apresentar ao mundo uma nova imagem.

No início de Outubro, numa acção inédita, as maiores câmaras frigoríficas brasileiras, responsáveis por grande parte da produção mundial de carne bovina, assinaram um convénio com os ambientalistas do Greenpeace.

O objectivo foi firmar o compromisso das empresas (JBS, Marfig e Minerva), todas cotadas em bolsa, com o fim da desflorestação da Amazónia, evitando assim possíveis boicotes a seus produtos, no mercado internacional.

As câmaras frigoríficas terão que comprovar que nenhum de seus fornecedores directos participou na desflorestação da Amazónia, a partir de Junho de 2009, para a criação de gado para abate.

Dados indicam que cerca de 55 por cento das emissões de gases responsáveis pelo efeito de estufa são causadas pela desflorestação da Amazónia no Brasil, quarto maior emissor mundial de CO2.

O compromisso firmado inclui ainda rejeição à invasão de terras indígenas, de áreas de protecção ambiental e ao trabalho em condições semelhantes à escravidão, ainda comum em determinadas regiões brasileiras.

Em todo o Brasil, empresas fabricantes de etanol estão a adoptar plantios de cana-de-açúcar mais adequados ao meio ambiente e a comercializar os seus créditos de carbono, no mercado global.

Dez das maiores companhias brasileiras lançaram recentemente a Plataforma Empresas pelo Clima, com o objectivo de promover a construção da economia de baixo carbono no Brasil e o equilíbrio climático.

A iniciativa decorre na sequência das negociações mundiais que antecedem a XV Conferência das Partes (COP 15), da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, em Copenhaga, na Dinamarca, em Dezembro.

A corrida de Interlagos decorre hoje quando forem 17h em Portugal Continental e pode mesmo ficar a conhecer-se o campeão do mundo, caso Jenson Button faça pelo menos terceiro lugar na corrida.

Para já a missão não se anuncia missão fácil para o britânico, já que apenas conseguiu o 14º tempo da classificação e vê o colega Barrichelo partir da pole position.

Sapo Desporto

 

O Brasil na contramão da história?

O mundo investe bilhões de dólares na produção de tecnologia para alavancar o uso de energias renováveis.

A Alemanha vai substituir a matriz energética hoje dependente de petróleo e gás por eólica até 2020, tornando-se totalmente independente até 2030.

A produção de carros eléctricos já entrou em escala comercial e logo será mais barato ter um carro híbrido (combustão + electricidade), o que vai reduzir drasticamente a dependência de combustíveis fósseis.

Os EUA já alcançaram o primeiro lugar no ranking mundial no crescimento da geração eólica no mundo, superando a Alemanha e a Espanha, e com o governo Obama deve investir muito mais no sector, já que diferentemente de seu antecessor, Bush, não foi financiado pelo petróleo.

A Europa já está construindo aerogeradores de 6 MW, em torres de mais de 100 metros de altura. E o mar do Norte está totalmente mapeado para atender à demanda de muitos países da Europa.

O Japão investe na produção de pequenos aerogeradores residenciais, o que está colaborando para que as residências além de não pagar mais pela energia, ainda possam ganhar algum dinheiro com a venda do excedente gerado, diminuindo consideravelmente a dependência do petróleo.

E o Brasil, na contramão da história, quer investir milhões de dólares na produção de petróleo extraído de grandes profundidades. Alguém já se perguntou a quanto vai chegar o custo do barril? Alguém já calculou quanto o mundo vai estar consumindo daqui a 10 ou 15 anos, quando já terá substituído grande parte do consumo por energias renováveis de custo mais barato que a produção de petróleo?

Não estou aqui afirmando que não seja possível extrair óleo nessas condições, pois tendo alguém para pagar a conta, e não se importando o quanto isso vai custar, qualquer um tem condições de produzir.

Estudos revelam que o potencial eólico brasileiro é na casa dos 600.000 GW. Isso é muito acima da nossa necessidade de energia.

Não estou vendo oposição à exploração do petróleo do pré-sal com base técnica na sua viabilidade futura, frente às novas tecnologias que estão chegando a cada minuto. Alguns opositores no governo só estão contra por não estarem no rateio dos resultados de acertos para viabilizar a exploração. A discussão sobre o projecto de exploração é só para saber quem leva mais votos com a exploração, independentemente dos rumos que o mundo adoptará.

Infelizmente, a ganância de poucos com o poder da caneta vai nos deixar por muito tempo à margem da economia mundial, pois uma nação com todas as características geográficas que tem só não é primeiro mundo porque alguns poucos políticos impedem o livre desenvolvimento.

Edson Carlos Flessak é empresário do sector de energias renováveis

 

O Brasil e a União Europeia vão lançar uma parceria triangular com a África na área de bioenergia

O objectivo é produzir etanol no continente africano para ser vendido no mercado europeu, um dos grandes consumidores mundiais.

A parceria deverá ser assinada durante a reunião de cúpula Brasil-União Europeia, no dia 6 de Outubro, em Estocolmo (Suécia), com a presença do presidente Luis Inácio Lula da Silva. Para o embaixador brasileiro na UE, Ricardo Neiva Tavares, a iniciativa poderá servir de modelo para outras cooperações triangulares.

Com a iniciativa, o Brasil quer continuar fomentando a criação de um mercado internacional do etanol. Além disso, o país entrará com tecnologia e expertise na produção do biocombustível pela sua alta competitividade no sector.

Vantagens africanas

Países africanos obterão vantagens para produzir e dar opção para produtores pobres melhorarem sua renda. A comissão da União Africana, sedeada em Adis-Abeba (Etiópia), vai centralizar as operações. Por sua vez, os europeus terão a garantia de abastecimento e de importação de etanol produzido sob estritos critérios de sustentabilidade ambiental e social delineados pelo Parlamento Europeu.

Após a assinatura da parceria serão definidos os países africanos que serão incluídos na produção. A parceria pode incluir também construção de hidroeléctricas, com expertise brasileira.

A participação da UE como produtor e importador de etanol é essencial para transformar o etanol em commidity global. Uma directiva europeia estabelece que o bloco deverá ter 20% de energias renováveis em sua matriz em 2020, com participação mínima de etanol e biodiesel de 10% no consumo no sector de transportes.

Oposição

A produção de biocombustíveis se generaliza globalmente, mas a oposição não diminui. A Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) está propondo aos países um texto sobre possíveis decisões do Encontro de Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar, marcado para 16 a 18 de Novembro em Roma, que alveja a produção.

Para a FAO, o mercado nascente de bioenergia é uma fonte nova e significativa de demanda de produtos alimentares como cana-de-açúcar, mandioca, milho e oleaginosas, que em muitos casos concorrem com outros alimentos no uso das terras e da água.

A agência quer que os líderes políticos reconheçam que a utilização desses produtos para biocarburante deflagrou o aumento de subvenções que alcançaram US$ 11 bilhoes em 2006 e protecção tarifária, e que isso estaria entre os factores que levaram as fortes altas de preços dos alimentos nos últimos anos.

A estimativa da FAO é de que na safra 2008/09, nada menos de 104 milhões de toneladas de cereais e grãos terão sido destinados à produção de energia.

Último Segundo

 

Dejectos da pecuária poderiam gerar energia para 4,5 milhões de pessoas

Livro publicado pela FAO e pela Itaipu revela o enorme potencial da agroenergia da biomassa residual, no Brasil.

No Brasil, que é um dos principais produtores de carnes no mundo, o esterco dos animais constitui um dos principais problemas ambientais dessa cadeia de produção. Estima-se que o volume desses dejectos, conhecidos como biomassa residual, chegue a 900 milhões de toneladas anos. Desse total, 180 milhões correspondem ao esterco de animais estabulados ou semi-estabulados. Considerando apenas os esgotos produzidos por esses animais que passam ao menos algumas horas do dia confinados, seria possível produzir 1 terawatt/hora/mês, energia suficiente para abastecer uma cidade com 4,5 milhões de habitantes. 

A conta faz parte dos resultados apresentados no livro “Agroenergia da Biomassa Residual: perspectivas energéticas, socioeconómicas e ambientais”, lançado ontem, no 4º Congresso Internacional de Bioenergia, na ExpoUnimed, em Curitiba. Patrocinado pela Itaipu Binacional e pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), a obra é de autoria dos consultores José Carlos Libânio (ex-coordenador de desenvolvimento do PNUD) e Mauro Márcio Oliveira, do jornalista e engenheiro Maurício Galinkin, e do superintendente de Energias Renováveis da Itaipu, Cícero Bley. 

De acordo com o estudo apresentado no livro, o tratamento dos dejectos, com a utilização do metano para mover motogeradores (gás que é 21 vezes mais poluente que o gás carbónico), permitiria o sequestro de 71,3 milhões de toneladas de gás carbónico. Considerando o valor da tonelada de carbono sequestrado, de 9,4 euros (cotação mais baixa registrada nos últimos meses, em função da crise financeira internacional), o tratamento ambiental dos dejectos poderia acrescentar 651 milhões de euros à renda de produtores rurais no Brasil. E a produção de biofertilizante representaria uma recuperação de 85% do nitrogénio, 15% do fósforo e 43% do potássio previsto para a safra de grãos brasileira em 2008. 

Além disso, a economia com o consumo de energia evitado nessas propriedades rurais chegaria a R$ 3 bilhões. Para o representante da FAO no Brasil, José Tubino, o livro é o início de um processo de construção de uma base de informações sobre o tema. “Hoje, não existem muitos estudos sobre a optimização do uso da biomassa. O Brasil tem caminhado muito no sentido da integração lavoura-pecuária. Por isso, esse tipo de pesquisa é fundamental”, afirma Tubino. 

Segundo ele, falta ao país a criação de uma política nacional sobre a geração a partir da biomassa. Por isso ele ressaltou a importância da instalação do Observatório de Energias Renováveis da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Onudi), anunciada ontem, na cerimónia de abertura do Congresso. Resultado de uma parceria entre a Onudia e a Itaipu e com sede em Foz do Iguaçu, o observatório funcionará em rede com outros sete que estão em funcionamento na América Latina (Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Uruguai, Paraguai e República Dominicana).  

O representante da Onudi, Asier Erdozain, explicou que o objectivo é formar uma grande base de dados (que pode ser consultada via Internet, no endereço www.observatoriobrasil.org) sobre tecnologias disponíveis nos campos das energias renováveis (biomassa, solar, eólica, geotérmica e hidroeléctrica de pequeno porte). “A ideia é reunir informações em primeira-mão sobre as melhores práticas. A base de dados será alimentada directamente por aqueles que estão envolvidos com o desenvolvimento dessas tecnologias, para que as pessoas não precisem comprar informações”, diz Erdozain.

Serviço: O livro Agroenergia da Biomassa Residual está disponível na íntegra, em formato PDF, na secção Biblioteca, do site www.plataformaitaipu.org.

(Itaipu Binacional)

 

 

Brasil terá de ter atenção contra invasões na Amazónia

Medida Provisória 458, sancionada por Lula, regularizou terras na Amazónia.

Ao criar facilidades para a transferência de propriedades públicas aos posseiros nas terras da Amazónia Legal, por meio da Medida Provisória 458, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada, o governo “estimula a cultura de que vale a pena ocupar a terra”, diz o pesquisador Paulo Barreto, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazónia (Imazon).

Segundo Barreto, o governo terá de redobrar a atenção com as terras que ainda não foram ocupadas. “Se ele (governo) não quer repetir daqui a alguns anos essa mesma medida, terá de tomar muito cuidado com as terras públicas, que ainda não estão ocupadas”, diz o especialista.

De acordo com Barreto, a situação torna-se ainda mais preocupante na medida em que o governo faz novos investimentos em infra-estrutura na região amazónica. “Ou seja, dando mais acesso à região”, diz.

O pesquisador do Imazon vê de forma “positiva” o fato de o presidente Lula ter derrubado os artigos mais polémicos da MP 458, que haviam sido incluídos pelos deputados.

“Mas ainda assim há pontos negativos. As terras deveriam ser vendidas a preço de mercado”, diz.

BBC Brasil

 

Com vetos, Lula sanciona MP sobre terras na Amazónia

Com dois vetos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, nesta quinta-feira, a Medida Provisória 458, que regulariza a posse de terras na Amazónia Legal.

Um dos pontos vetados pelo presidente previa a transferência da posse de terras para pessoas que não moram na região e que administram o imóvel por meio de prepostos (empregados ou terceirizados).

Com isso, apenas as pessoas que moram nas propriedades poderão reivindicar a posse.

Lula também vetou o item que estendia a possibilidade de regularização das posses para empresas.

Em sua justificativa sobre o veto, a Presidência diz que “não é possível prever” o impacto desses pontos no desenvolvimento do processo de regularização fundiária, “uma vez que não há dados que permitam aferir a quantidade e os limites das áreas ocupadas que se enquadram nessa situação”.

Os dois pontos haviam sido incluídos pelos deputados, durante a tramitação da matéria na Câmara, e aprovados também no Senado.

Os ambientalistas criticaram as mudanças feitas na Câmara e sugeriram ao presidente Lula que vetasse os pontos incluídos pelos parlamentares.

O presidente manteve, no entanto, o artigo – também de autoria da Câmara – que permite a venda de propriedades maiores depois de três anos da concessão de posse.

As propriedades de terra com até um quilómetro quadrado (100 hectares), que representam 55% do total dos lotes, serão doadas aos posseiros. Aqueles que tiverem até 4 quilómetros quadrados (400 hectares) terão de pagar um valor simbólico, e os proprietários com até 15 quilómetros quadrados (1,5 mil hectares) pagam preço de mercado pelas terras.

Ao regulamentar as posses na região, o governo espera facilitar a responsabilização por eventuais crimes ambientais.

Mais de 1 milhão de pessoas em uma área de 67 milhões de hectares (equivalente ao território da França) poderão ser beneficiadas pela medida.

BBC Brasil

 

 

Poeira do deserto do Saara influencia regime de chuvas na Amazónia


A poeira do deserto do Saara, na África, tem uma influência importante no regime de chuvas da Amazónia. A afirmação, que pode parecer inusitada à primeira vista, foi comprovada em um estudo realizado por um grupo internacional de pesquisadores - com participação brasileira -, publicado na revista Nature Geoscience.
Aerossóis
De acordo com Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e um dos autores do trabalho, o objectivo foi realizar, pela primeira vez em uma região tropical do planeta, medidas de aerossóis conhecidos como núcleos de condensação de gelo - partículas que têm a propriedade de formar nuvens convectivas, influenciando a precipitação, a dinâmica das nuvens e a quantidade de entrada e saída de radiação solar.
"As nuvens convectivas na Amazónia, que ficam entre 12 e 15 quilómetros de altitude, têm suas gotas congeladas. Para que possam aparecer partículas de gelo nessas nuvens é preciso existir os núcleos de condensação de gelo. Pela primeira vez medimos as propriedades físico-químicas desses núcleos", disse à Agência FAPESP.
Poeira que faz chover
Segundo Artaxo, ao fazer as medidas, o grupo descobriu que a vegetação da própria Amazónia e a poeira proveniente do Saara são as duas principais fontes dos núcleos de condensação de gelo.
"A importância disso é que a maior parte da chuva na Amazónia é proveniente das nuvens convectivas. E é a primeira vez que detectamos essas partículas. Identificamos como núcleos de gelo e medimos suas propriedades físicas, químicas e biológicas", disse o também coordenador do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazónia (LBA) e ex-coordenador da área de geociências da FAPESP.
Para realizar o estudo, o grupo utilizou modelos matemáticos que simulam o comportamento das nuvens de gelo em condições amazónicas. "A parte surpreendente é que a poeira do Saara é responsável por uma fracção significativa dos núcleos de condensação de gelo da Amazónia, especialmente em altas altitudes e temperaturas mais baixas", explicou.
Camada de poeira
Segundo Artaxo, o estudo sugere que a contribuição das partículas biológicas locais para a formação de núcleos de gelo aumenta em altas temperaturas atmosféricas - com altitude mais baixa -, enquanto a contribuição por partículas de poeira cresce nas baixas temperaturas das regiões mais altas.
"Descobrimos que a vegetação da própria floresta alimenta os núcleos em altitudes que vão até 8 ou 9 quilómetros. Enquanto isso, a poeira do Saara nessa época do ano - o estudo foi feito entre Fevereiro e Março - predomina em altitudes acima de 9 ou 10 quilómetros", disse.
As análises apontaram que os núcleos são compostos principalmente de materiais carbónicos e poeira. "Mostramos que as partículas biológicas dominam a fracção carbónica, enquanto a importação da poeira do Saara explica o aparecimento intermitente de núcleos contendo poeira", contou.
A poeira do deserto africano, segundo Artaxo, é um fenómeno atmosférico sazonal cujo pico se dá entre Março e o fim de Abril. "É um fenómeno de transporte atmosférico de longa distância que já conhecíamos. Mas nunca tínhamos medido as propriedades de nucleação dessas partículas."
Supercongelador
Na primeira fase do estudo a equipe utilizou um equipamento supercongelador para esfriar as partículas a 50 graus negativos e lançá-las na Floresta Amazónica, a fim de fabricar cristais de gelo.
"A partir daí, analisamos as propriedades físicas, químicas e biológicas desses cristais, utilizando técnicas analíticas nucleares - especificamente o método Pixe, disponível no Instituto de Física da USP. Pudemos analisar a concentração de alumínio, silício, titânio e ferro nas partículas", disse.
Impressão digital da poeira
A partir da análise, os pesquisadores descobriram que a assinatura elementar das partículas correspondia à assinatura da poeira do deserto do Saara. O segundo passo foi descobrir como essas partículas saem da África e chegam à Amazónia.
"Para isso rodamos modelos de circulação global da atmosfera e mostramos que, efectivamente, quando estavam presentes as concentrações de alumínio, silício, titânio e ferro que correspondiam à poeira do Saara, o modelo confirmava essa circulação", afirmou.
Com a pesquisa, o grupo concluiu que a concentração e a abundância de núcleos de condensação de gelo na Amazónia podem ser explicadas, em sua quase totalidade, por emissões locais de partículas biológicas complementadas pela importação da poeira saariana.
Segundo Artaxo, os estudos terão continuidade: "Tentaremos simular e medir como se dá a variabilidade sazonal dos núcleos de condensação de gelo sobre a Amazónia", destacou.
Além de Artaxo, participaram do estudo Markus Petters, Sonia Kreidenweis e Colette Heald, do Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade Estadual do Colorado (Estados Unidos), Scot Martin, da Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas da Universidade de Harvard (Estados Unidos), e Rebecca Garland, Adam Wollny e Ulrich Pöschl, do Departamento de Biogeoquímica do Instituto de Química Max Planck (Alemanha).

Inovação Tecnológica

 

Amazónia guarda 30% do carbono florestal do mundo


A floresta amazónica é uma reserva de cerca de 80 biliões de toneladas de carbono – o que equivale a quase um terço do stock mundial –, segundo um estudo publicado na última edição da revista científica Environmental Research Letters.
As florestas de todo o mundo, de acordo com o levantamento feito pela universidade americana de Wisconsin e das organizações Winrock International e Carbon Conservation, guardam 300 biliões de toneladas de carbono.
No total das emissões globais de carbono, estima-se que a queima de florestas equivalha a cerca de 20%, e o Brasil, dependendo do estudo, flutua entre a segunda e a quarta posições entre os maiores contribuintes neste quesito. Do total de emissões de CO2 brasileiro, calcula-se que três quartos se devam ao desmatamento.
Ainda segundo o levantamento americano, o segundo país com maior stock de carbono seria a República Democrática do Congo, com até 36 biliões de toneladas de carbono, seguido da Indonésia, outro grande contribuinte para as emissões de CO2 provocadas por desmatamento, com até 25 biliões de toneladas de carbono guardadas em suas florestas.
De acordo com especialistas, as florestas funcionam como grandes reservas de carbono, que é absorvido da atmosfera e é retido pela vegetação e, eventualmente, pela matéria orgânica que se acumula no solo. Com a destruição da floresta, seja por queimadas ou pelo corte da vegetação, esse stock de carbono acaba liderado na atmosfera e a capacidade de novas absorções se extingue.
Uma das polémicas em torno do debate sobre florestas e reservas de carbono é justamente como medir a quantidade de carbono que elas guardam. Para alguns especialistas, o entendimento científico sobre quanto carbono é retido pelas florestas ainda é baixo.
Para Holly Gibbs, que coordenou o estudo publicado na Environmental Research Letters e é também consultora de Papua Nova Guiné para questões climáticas, o trabalho desenvolvido por ela e por outros cientistas propõe uma nova metodologia de medição.
"A nossa intenção é mostrar que existem formas de se calcular cientificamente os stocks de carbono das florestas, ao contrário do que afirmam alguns detractores", disse Gibbs à BBC Brasil.
O debate tem sido especialmente relevante na conferência da ONU sobre mudanças climáticas que está ocorrendo em Bali, na Indonésia. No encontro, um grupo de 40 países, que forma a Coalizão das Florestas Tropicais (Tropical Rainforest Coalition), criada por Papua Nova Guiné, defende um mecanismo em que as reservas de carbono das florestas de um país possam ser transformadas em crédito e negociadas no mercado internacional.
Para que isso seja possível, é fundamental que exista uma forma confiável e amplamente aceita de medir as reservas de caborno, justamente o que o trabalho coordenado por Gibbs se propõe.
Um dos grandes problemas para a Coalizão das Florestas Tropicais é a posição do Brasil, que é contra a sua proposta. O Brasil defende uma alternativa baseada na criação de um fundo internacional que forneceria recursos aos países que consigam combater o desmatamento. Pela proposta brasileira, as metas e o controle sobre o desmatamento seriam de responsabilidade dos países quem detêm as florestas.
De acordo com Holly Gibbs, a expectativa da Coalizão das Florestas é de que o texto final do encontro em Bali tenha "palavras fortes" sobre o assunto. Mas ela admite que para isso o apoio brasileiro é fundamental. "A ideia precisa do Brasil, já que o país guarda quase um terço do carbono florestal do mundo."
Do lado brasileiro, porém, não há sinais de que os negociadores estão propensos a mudar de posição.

BBC Brasil

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