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Acordo sobre CO2 enfrenta diferenças fundamentais, diz ONU

07-06-2009 13:12

Representante do Pnuma disse que principal avanço foi a franqueza e o realismo das conversas na Itália.
Uma importante autoridade das Nações Unidas disse nesta sexta-feira, 24, que diferenças fundamentais ainda separam os países na negociação de um novo acordo sobre as emissões de carbono, e se declarou preocupado com a possibilidade de que essas discordâncias possam ser resolvidas.
O director-executivo do Programa das nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, disse que as discussões realizadas na cidade italiana de Siracusa estão entre as "mais francas" que já viu, com foco em pontos salientes "onde diferenças fundamentais continuam sem ser superadas".
O evento em Siracusa, que reúne ministros do Grupo dos Oito e de economias emergentes, terminou depois de três dias sem nenhum grande avanço em um compromisso para enfrentar a mudança climática. Mas delegados dizem ter identificado as principais dificuldades a serem superadas em futuras negociações, e destacaram a necessidade de tornar os pacotes de recuperação económica mais ambientalmente correctos.
Também foi assinada uma carta sobre a necessidade de levar a biodiversidade em consideração.
A reunião, na cidade da Sicília, tinha como objectivo preparar as bases para a conferência crucial sobre mudança climática prevista para ocorrer em Dezembro, em Copenhaga. A reunião na Dinamarca tem por objectivo criar um acordo para substituir o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.
Os pontos salientes identificados pelos delegados são metas de curto, médio e longo prazo para a redução de emissões e que tipo de financiamento e de estrutura de administração deverão ser implementados para acompanhar e viabilizar o cumprimento do novo acordo, disse a ministra italiana do Meio Ambiente, Stefania Prestigiacomo.
"Parto de Siracusa muito preocupado que ainda não haja um caminho claro para resolver as lacunas que restam", disse Steiner, referindo-se a essas lacunas como "significativas".
Ele disse a jornalistas que um sinal positivo foi que o realismo - o reconhecimento de que o tempo está acabando - está estabelecido e que há "menos troca de acusações e, talvez, mais reflexão".
Os países discutiram quanto precisam reduzir em suas emissões e como transferir dinheiro e tecnologia para os países pobres que estão mais vulneráveis aos fenómenos climáticos.
Delegados de grupos não-governamentais presentes em Siracusa disseram que um grande problema foi a relutância dos países em apresentar propostas específicas.
"As negociações estão paralisadas por um tipo de síndrome do primeiro passo", disse a Oxfam Internacional. "Nenhum país está disposto a se comprometer, a menos que os outros façam o mesmo".
Segundo a agência, a reunião termina com "muitas afirmações de princípio, mas nenhum compromisso claro ou mensurável".
O ministro brasileiro do Meio Ambiente, Carlos Minc, pediu aos membros do Grupo dos Oito que reduzam suas emissões de dióxido de carbono em 20% até 2017 e em 25% até 2022.
Minc pediu aos países desenvolvidos "maior empenho" dos países desenvolvidos contra a mudança climática, durante o ato de encerramento da reunião.
Além dos países do G8 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Rússia e Canadá, além da anfitriã, Itália), participaram como convidados Brasil, China, Índia, México, Indonésia, África do Sul, Austrália, Coreia do Sul e Egipto.
AP e EFE
Estudos revêem efeitos do aquecimento
Três dos efeitos previstos do aquecimento global podem não ser tão catastróficos quanto os cientistas imaginavam. Quatro novos estudos trazem resultados tranquilizadores sobre a aceleração do degelo na Groenlândia, a probabilidade de mais furacões no futuro e o impacto da acidificação dos oceanos sobre os microrganismos marinhos. Tranquilizadores, mas só um pouquinho.
Dois desses estudos saíram ontem on-line na revista "Science". Eles são assinados pelos americanos Sarah Das, do Instituto Oceanográfico de Woods Hole, e Ian Jouglin, da Universidade de Washington.
Um deles é, na verdade, uma observação assustadora: os cientistas viram um lago de 5,6 km2 de área, formado pelo degelo da superfície do manto glacial da Groenlândia, ser esvaziado em 24 horas. Durante uma hora e meia, a água escorreu por uma fenda a uma vazão de 8.700 metros cúbicos por segundo -mais do que a das cataratas do Niágara.
Os cientistas sabem que a água do degelo escorre por fendas chamadas "moulins". Através delas, a água chega até o leito rochoso sobre o qual está assentado o gelo, lubrificando-o. Isso faz com que a capa glacial escorregue mais depressa.
Os cientistas sabem também que o aquecimento global está aumentando a quantidade de lagos formados pela água que derrete no verão sobre o gelo. Há o temor de que os "moulins" produzam uma aceleração catastrófica das geleiras da Groenlândia, com o desprendimento de icebergs maciços e uma elevação do nível do mar bem maior do que os 59 centímetros projectados pelo IPCC (painel do clima das Nações Unidas) até o fim do século.
No entanto, um outro estudo da dupla na mesma edição da "Science" procurou avaliar o impacto desse efeito na velocidade de escoamento das geleiras do litoral da Groenlândia.
Os cientistas descobriram que essas geleiras sofrem aceleração muito baixa. "Tomados juntos, os novos achados indicam que, embora o derretimento na superfície tenha um efeito substancial na dinâmica do manto de gelo, ele pode não produzir grandes instabilidades que levem ao aumento do nível do mar", disse Jouglin.
Loucas por ácido
Outro pesadelo dos cientistas é o efeito do aumento na concentração de CO2 no oceano sobre os organismos marinhos.
Vários estudos têm mostrado que um mar mais ácido (o gás carbónico em excesso acidifica a água) inibe a formação de carapaças de calcário (carbonato de cálcio) pelo fitoplâncton. Isso é um problema, porque, ao formar tais carapaças, esses micróbios ajudam a "sequestrar" o carbono do mar. Sem o fitoplâncton, esse sequestro diminui e o mundo pode ficar ainda mais quente.
Na edição de hoje da "Science", a oceanógrafa Debora Iglesias-Rodríguez, da Universidade de Southampton (Reino Unido), mostra que, ao menos para uma espécie de fitoplâncton, quanto mais ácido, melhor. Em laboratório, ela demonstrou que o cocolitóforo Emiliania huxleyi fica maior quando mais CO2 é dissolvido na água. Como os cocolitóforos em geral respondem por um terço da produção de carbonato de cálcio no oceano, diz Rodríguez, seu estudo significa que uma parte desse sequestro pode não ficar comprometida -muito embora esse efeito possa estar restrito a uma única espécie de cocolitóforo.
Furacões
Outra questão que o IPCC deixou sem resolver foi atacada por Kerry Emanuel, climatologista do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts).
Emanuel e outros têm observado que águas mais quentes (acima de 27C) aumentam a quantidade de vapor na atmosfera tropical, que é combustível para furacões. Isso produz tempestades mais poderosas, como o Katrina e o Rita, de 2005. Mas não se sabia se o número total de tormentas também cresceria. Em estudo publicado na edição de Março do "Boletim da Sociedade Meteorológica Americana", Emanuel diz que não.
O grupo de Emanuel desenvolveu um método novo que espontaneamente "semeia" furacões em modelos climáticos de computador. A técnica foi aplicada com sucesso para reproduzir o número e a intensidade de tormentas nas últimas duas décadas. No entanto, quando aplicada aos modelos do IPCC, ela simula uma frequência total menor de furacões.
Segundo Emanuel, a redução provavelmente ocorre porque o aquecimento global aumenta a chamada "tesoura de vento", a diferença entre a velocidade dos ventos na parte mais alta da troposfera. Ventos fortes mais no alto inibem as tempestades.
O americano Kevin Trenberth, outro especialista em clima e furacões, diz que o estudo é "novo e interessante, mas requer ajustes". Segundo ele, os modelos climáticos são muito grosseiros para enxergar o que acontece com as tempestades que formam os furacões, deixando a atmosfera artificialmente estável. "Há boas razões para crer que haverá menos furacões, mas eles serão mais intensos quando ocorrerem", diz.

Estadao
 

 

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